quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Livro: O Filho de Netuno, Rick Riordan

O Filho de Netuno é o segundo volume da série Heróis do Olimpo, de Rick Riordan (mais conhecido pela autoria da série Percy Jackson e os Olimpianos). Por isso, devo comentar sobre o primeiro livro, O Herói Perdido, antes de mais nada.

O Herói Perdido trata de Jason, um estudante de um internato para crianças problemáticas que certo dia acha-se no meio de uma viagem escolar, completamente sem memória. Ele não se lembra de Piper, a namorada, e nem de Leo, o melhor amigo. E as coisas não fazem mais sentido quando dois adolescentes numa carruagem guiada por cavalos voadores salvam os três de um monstro causador de tempestades e os levam para um acampamento estranho de supostos filhos de deuses. Como se tudo isso não bastasse, tem que sair numa missão suicida. Simples, certo?

Mas O Herói Perdido não é o assunto de hoje, e sim O Filho de Netuno. Já começo dizendo que, embora estejam interligados, você pode até mesmo trocar a ordem, pois as histórias acontecem em lugares distintos com personagens distintos, como meu resumo acima comprova. Para a conclusão da série, é claro, ambos os livros são imprescindíveis.

Percy Jackson
Em O Filho de Netuno, Percy Jackson não faz ideia de quem possa ser. Tudo o que sabe é que um dia acordou na casa de uma loba mitológica e que, desde que saiu de lá para buscar o seu caminho, é perseguido por monstros impossíveis de matar. Quando chega ao Acampamento Júpiter, logo de cara faz amizade com os dois semideuses (pois é isso que todos são, filhos de deuses) menos populares do lugar: Hazel e Frank. E depois de uma visitinha nada usual do pai divino de Frank, partem em uma missão de que depende o futuro do acampamento, e, principalmente, deles próprios.

A série Os Heróis do Olimpo seria a continuação de Percy Jackson e os Olimpianos, como O Senhor dos Anéis é de O Hobbit. É esclarecedor, além de permitir um aproveitamento maior do texto, que se leia os livros de Percy Jackson antes desses da nova série, mas não obrigatório: a escolha é sua.

E, se você já leu Riordan antes - seja Percy Jackson, seja As Crônicas dos Kane, o que for - conhece seu estilo descontraído e engraçado. Mais do que isso, conhece sua competência quando o assunto é mitologia. Como se pode ter percebido pelo título de O Filho de Netuno (Netuno, não Poseidon), na nova série ele explora e mistura com a grega a mitologia romana. Adorei a ideia, pois durante a leitura de Percy Jackson e os Olimpianos, sempre me perguntei por que ele teria escolhido a Grécia, e não Roma. E a forma como ele apresenta esse segundo acampamento, a existência dele na total ignorância do acampamento grego e vice-versa, não tem furos: é muito verossímil dentro do universo dos semideuses.

Frank Zhang
Porém, gostei mais do primeiro livro. Ao contrário do que se poderia pensar, os monstros não ficam se repetindo, não acabaram as criaturas mitológicas nem nada disso. No máximo, elas são agora menos conhecidas. O desenrolar da história não é arrastado, Riordan não perdeu o jeito de forma alguma. O que eu não gostei foram os personagens principais. E, não, Percy não é o único. Vou explicar.

Uma das coisas que mais apreciei nessa nova série, durante a leitura de O Herói Perdido, foi a divisão dos capítulos. Todos com um narrador-observador, mas três da perspectiva de Jason, três da de Piper, três da de Leo, e o ciclo, várias vezes, recomeça. E me impressionava como o autor arranjava as coisas para que os acontecimentos importantes relacionados a Leo acontecessem nos capítulos dele, as de Jason nos dele e assim vai. No começo, meu preferido era Jason, mas essa forma de narração fez com que eu me afeiçoasse aos outros dois. Todos os capítulos eram interessantes e a leitura, viciante. 

Hazel Levesque
Em O Filho de Netuno, a forma como se divide os capítulos não muda. É Percy, Hazel, Frank. Os dois últimos são os outros personagens principais que mencionei. Eu amo Percy, desde a série dedicada somente a ele, e durante a leitura de O Herói Perdido, livro de que ele não é personagem, não me esqueci dele. Estava então muito empolgada para revê-lo em O Filho de Netuno. E foi ótimo. Mas não gostei dos outros dois. 

Hazel e Frank (o segundo principalmente) só fazem se lamentar por suas vidas e por estarem onde estão. A verdade é que, mesmo que a missão seja perigosa, mais da metade do Acampamento Júpiter mataria para estar no lugar deles. Percy, que perdeu a memória, não se lamenta tanto quanto esses dois. Hazel e Frank vivem concentrados nos próprios problemas e isso torna seus capítulos um tanto quanto cansativos. O que mais irritava era que, depois de um ato heroico e tudo mais, eles continuavam se achando fracassados e inúteis. Mas essa é só a minha opinião.

É irônico que os únicos personagens que não gostei tanto são principais. Vários secundários me cativaram, tais como Reyna, Hylla, Octavian, Ella e mesmo Arion, um cavalo.

Apesar dos pesares, não me arrependi por ter lido O Filho de Netuno. É o tipo de livro impossível de largar. Bom para matar a saudade de Percy e conhecer personagens que, mesmo com toda a autopiedade, são bem construídos. Não hesitaria em indicar a qualquer um que goste do gênero juvenil, ou de mitologia greco-romana. A forma como Riordan apresenta os monstros e deuses mitológicos é sem dúvida única e apaixonante. Recomendo!

Até mais,
Gih

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